sábado, agosto 09, 2014

Meus caros colegas por essas e outras que eu convido vocês a pensar.
Muita gente garante que a Geografia não tem importância... a Band News ressuscitou a Capital Federal no Rio de Janeiro. 


Não quero muitas e nem poucas palavras. Não quero definições e nem quero sentenças. Quero apenas caminhar com sede e ouvir-me silenciosamente, enquanto atravesso essa vida em tumulto, esse alarde, essa insana busca de tudo, para o nada que preciso. 
Aline Binns


Meu filho vai ter nome de santo

- Ah, que me metam entre cobertores,
E não me façam mais nada...
Que a porta do meu quarto fique para sempre fechada,
Que não se abra mesmo para ti se tu lá fores!

Lã vermelha, leito fofo. Tudo bem calafetado...
Nenhum livro, nenhum livro à cabeceira.
Façam apenas com que eu tenha sempre a meu lado
Bolos de ovos e uma garrafa de Madeira.
Não, não estou para mais - não quero mesmo brinquedos entendeu?.
Pra quê? Até se nos dessem não saberia brincar...
Que querem fazer de mim com este enleios e medos?
Não fui feito pra festas. Larguem-me! Deixem-me sossegar...

Noite sempre pelo meu quarto. As cortinas corridas,
E eu aninhado a dormir, bem quentinho - que amor...
Sim: ficar sempre na cama, nunca mexer, criar bolor -
Pelo menos era o sossego completo... História! Era a melhor das vidas...
 Se me doem os pés e não sei andar direito,
Pra que hei de teimar em ir para as salas, de Lords, Condes?
- Vamos, que a minha vida por uma vez se acorde
com o meu corpo, e se resigne a não ter jeito...

De que me vale sair, se me constipo logo?
E quem posso eu esperar, com a minha delicadeza?
Deixa-te de ilusões, Mário de Sá Carneiro! Bom edrédon, bom fogo -
E não penses no resto. É já bastante, com franqueza...

Desistamos. A nenhuma parte a minha ânsia me levará.
Pra que hei de então andar aos tombos, numa inútil correria?
Tenham dó de mim. Com a breca! Levem-me prà enfermaria! -
Isto é, pra um quarto particular que o meu Pai pagará.
Justo. Um quarto de hospital, higiénico, todo branco, moderno e tranquilo;

Em Paris, é preferível - por causa da legenda...
Daqui a vinte anos a minha literatura talvez se entenda -
E depois estar maluquinho em Paris fica bem, tem certo estilo...
Quanto a ti, meu amor, podes vir às quintas-feiras,
Se quiseres ser gentil, perguntar como eu estou.
Agora, no meu quarto é que tu não entras, mesmo com as melhores maneiras:
Nada a fazer, minha rica. O menino dorme. Tudo o mais acabou.

sexta-feira, agosto 08, 2014

Vejam os feitos culturais memoráveis no Brasil dos últimos cem anos. Vejam os acontecimentos políticos conseqüentes e as lutas populares quase sempre perdidas. Tento sempre assumir o olhar do povo olhando os ricos viverem e se regalarem; mas vivendo, ele também, com essa alegria tão miraculosa para gente oprimida e esfomeada. Há tanta história escrita por aí, tanta crônica folhuda, tanta sociologia resignada interpretando o sucedido! Há tudo isso, mas há também esse imenso vazio de desmemória, a fazer de nós um país eternamente inaugural. É hora de lavar os olhos para ver nossa realidade, é hora de passar o Brasil a limpo para que o povão tenha vez. É indispensável impedir o passado de construir o futuro. Quero dizer: é preciso tirar da gente que nos regeu e infelicitou através dos séculos o poder de continuar conformando e deformando nosso destino. No dia em que todo brasileiro comer todo dia, quando toda criança puder completar a escola, quando todo homem e toda mulher encontrar um emprego estável em que possa progredir, se edificará, no Brasil, a civilização mais bela deste mundo. Desejo apenas que algum jovem pense que é tempo de tomar este País nas mãos, para construir aqui a beleza de nação que podemos e haveremos de ser.
 Darcy Ribeiro

quinta-feira, agosto 07, 2014

 O ciúmes

O ciúme é uma coisa muito triste. Produto secundário de um coração inseguro — e que teme amar de verdade. Demonstração de um certo sentimento inexplicável de inferioridade latente. Deselegante ao extremo. E o que é pior: causa mais dor em quem o sente do que na vítima propriamente. O ciumento não é necessariamente um maldoso, mas é sempre um sofredor. Suspeita de tudo e de todos. Vive procurando fantasmas quando poderia estar dançando. Sofre muito quando descobre ter razão no que supõe — mas sofre mais ainda quando fica em dúvida sobre a fidelidade requerida.

Como todo gesto autoritário irracional, o ciúme acaba interrompendo o fluxo do amor, estraçalha a poesia do romance, e suspende a vida por momentos infinitos. Restringe. Chega quase a sufocar.

Numa relação que até nasceu maravilhosa e bem poderia continuar sendo de amor pleno e delicioso, o ciúme se instala como um bicho feio — que assassina a paixão de pouco em pouco e massacra a liberdade no final.

É uma coisa tão feia, que poucos assumem tê-la tanto.

É uma espécie de câncer...

Pense no que acabo de dizer.

Edson Marques
Será preciso trabalhar e continuar vivendo, mas tudo parece labirinto.
Não queria ser esse o meu destino, não sobra nenhuma esperança.
Tenho dores, eu preciso de remédios, é lubre.
Mas preciso de morfina para a minha alma.
O que se pode fazer? O que se pode fazer?
Temos que viver e temos que suportar com paciência tudo o que vem pelo destino e temos uma velhice sem conhecer o descanso.
Quando chegar a hora morreremos com submissão e vamos dizer no outro mundo que sofremos, choramos, que a vida como a morte, esta morte que não se ilude nunca, ficou amarga demais.
E Deus vai ter piedade de nós.
Nós merecíamos uma vida luminosa, esplendida, contentes, felizes e vem tudo isso que nos cerca.
Por que!?!
Nós temos que ter fé. Na fé ardente e descansaremos.
Nós veremos o céu coberto de brilhantes e diamantes. É preciso buscar a alegria.
Temos que ver o mal de longe e assim todos nos encontraremos e descansaremos.
E no meio da escuridão a Luz.

Anton Tchecov

quarta-feira, agosto 06, 2014

Quero ouvir, presto atenção mas???

O que costumo ouvir desatento é mais interessante que o que me dizem com atenção.
Falam matemática e física, ouço matemática espírita. Não pode ser isso. Recuso.
 São meus ouvidos loucos, surdos. E fico com a versão dadaísta, impressionista, surrealista.
O louco verbal me atrai mais do que o razoável convencional.
Dessa maneira, afino minha audição para o silêncio calculado, espantado. 
Fico quieto, observante, atento às palavras passantes.
O que ouço e me faz silencioso são as frases ditas sem palavras. 
Como os gatos e os cachorros, percebo freqüências mudas.
Meu futuro, meu passado, ecoam fazendo tremer minha intuição apavorada, não desejada. Não quero, prefiro não saber ignorar. E então volto a sintonizar no mundo real, anormal.
O conquistador
Eduardo Galeano

Em 1532, o conquistador Pizarro aprisionou o inca Atahualpa, em Cajamarca. Pizarro prometeu-lhe a liberdade se o inca enchesse de ouro um grande quarto. Desde os quatro cantos do Império, o ouro chegou e abarrotou o quarto até o teto. Assim mesmo, Pizarro mandou matar o prisioneiro. Desde quando as primeiras caravelas apontaram no horizonte, até nossos dias, a história das Américas é uma história de traição à palavra: promessas quebradas, pactos descumpridos, documentos assinados e esquecidos, enganos, ciladas. “Te dou minha palavra” pouco mais quer dizer do que... nada! Não teríamos que aprender com os índios? Os primeiros habitantes das Américas – derrotados pela pólvora, pelos vírus, pelas bactérias e pela mentira – compartilham a certeza de que a palavra é sagrada. Um indígena mapuche, ao sul do Chile, diz: “para nós, ainda hoje, a palavra continua sendo o maior dos monumentos”. Um indígena avá-guarani, no Paraguai, diz: “a palavra vale porque é nossa alma. Não precisamos colocá-la no papel para que nos creiam. Na Guatemala, em 1995, já no período que chamam “democrático”, militares executaram a matança da comunidade indígena de Xamán. Havia uma montanha de provas que condenavam os assassinos. A secretária que transcreveu o auto processual cometeu um erro ortográfico na qualificação penal: escreveu “ejecusión” com “s” em vez de “c”. Os advogados do exército sustentaram que esse delito, escrito assim, com “s”, não existe. O promotor protestou: foi ameaçado de morte e partiu para o exílio.



terça-feira, agosto 05, 2014

O grande assunto

Temos um grande assunto a tratar aqui: a felicidade! Ou, ao menos, ser o menos infeliz que se possa neste mundo. Eu não poderia suportar que me dissessem que quanto mais se pensa, mais se é infeliz. Isso vale em relação às pessoas que pensam mal. Não estou falando das pessoas que pensam mal dos outros, o que pode ser divertido, mas... Tragicamente divertido! Falo daqueles que pensam de maneira errada, dos que rearranjam os seus preconceitos e julgam estar pensando! Estes, sim, merecem compaixão, porque têm uma doença da alma, e toda doença é um estado triste. Infeliz. 
Eu amo as pessoas que pensam de forma correta, mesmo aquelas que pensam de maneira diferente de mim. Pensar, meus amigos, é um ato que põe em dúvida a estrutura de tudo!

segunda-feira, agosto 04, 2014

Então é você que lê o Blog do Ideilson. Muito bem, vamos dialogar, vamos ver sua cabeça, seus pensamentos, se ainda ajudam você, porque você nos ajuda muito. A gente fala assim pra ser gentil, porque você pode ajudar mais, muito mais.
O meu Blog é um espaço que entre outras coisas, ele procura lembrar as pessoas que existem para o Brasil e para o mundo, que existem outros espaços, outros cenários possíveis. Se vamos conhecê-los é outra história, mas é preciso saber que são possíveis sem que a mediocridade nos levará de vez ao abismo das incertezas.
Adaptação livre: Provocações
Caro leitor amigo fazer política é passar do sonho às coisas, do abstrato ao concreto.
Lembre-se que a política é o trabalho efetivo do pensamento social.
A política é a trama da história e você é ator.
A política é a vida e a vida é o presente que molda seu futuro.
Nesse quadro, o instinto de conservação, o estertor agonizante do passado, se chama reação.
Já a gestação dolorosa, o parto sangrento do presente, se chama revolução.
Então MUDE por você e pelo seus.

Adaptação livre
José Carlos Mariátegui

domingo, agosto 03, 2014

Uma excelente Semana

Em certa ocasião alguém perguntou a Galileu Galilei:
- Quantos anos tens?
- Oito ou dez, respondeu Galileo, em evidente contradição com sua barba branca.
E logo explicou:
Tenho, na verdade, os anos que me restam de vida, porque os já vividos não os tenho mais.


O sexo contém tudo: corpos, almas, sentidos, provas, purezas, delicadezas, resultados, avisos, cantos, ordens, o mistério materno, o leite seminal.
Todas as esperanças, todos os benefícios, todas as dádivas paixões, amores, encantos, gozos da terra, todos os deuses, juízes, governos, pessoas no mundo e seus seguidores.
Tudo está contido no sexo como parte dele ou como sua razão de ser.