Fome, fOmE, FoMe...
Setecentos e setenta e sete milhões de famintos no mundo. Não, não são pobres, miseráveis, indigentes, é pior, são famintos! Gente desnutrida, esquelética, que se arrasta atrás de alguma coisa para não morrer de fome. Setecentos e setenta e sete milhões!
A ONU (Organização das Nações Unidas) acaba de anunciar que o mundo não conseguirá cumprir sua meta de diminuir esse número de famintos nos próximos 15 anos. Aliás, nem nos próximos 30 anos. Não pensem que esses milhões de famintos ficarão esperando. Eles morrerão de fome e terão seus lugares tomado por muitos outros milhões.
Falta comida? Não. A ONU prevê que a produção de alimentos, que já daria hoje pra alimentar o mundo algumas vezes, continuará a crescer muito mais rapidamente que a população do planeta. Isso quer dizer que os que já comem muito poderão comer ainda mais. E os que não comem, que tratem de morrer logo. Mas é pouca gente. Só Setecentos e setenta e sete milhões.
Eu não conheço no mundo um único governante favorável à fome, nenhum burocrata, economista, industrial, empresário, banqueiro, nenhum cientista, nenhum sociólogo, nenhum jornal, nenhuma revista semanal, nenhuma televisão, nenhum candidato a qualquer coisa que prometa continuar matando pessoas de fome.
Será então que são eles, os que morrem de fome, os que são a favor da fome? Não, não deve ser. Eu nunca vi famintos recusarem comida: “Não, não, não, por favor, não nos alimentem, nós preferimos morrer de fome”
Porque será então que milhões de pessoas morrem de fome? Certamente porque jamais saberão que o dólar anda estressado e o mercado está nervoso.
Gregório Bacic