sábado, agosto 15, 2015

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

sexta-feira, agosto 14, 2015

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
Fernando Pessoa

quinta-feira, agosto 13, 2015

Eu não concordo com nenhuma palavra do que dizeis, mas eu defenderei até a morte o seu direito de dizê-las.
 Voltaire

quarta-feira, agosto 12, 2015

Teste para ver a verdade 
As coisas raramente são o que parecem. A ignorância, que nada vê além da casca, se transforma exatamente em desilusão quando penetra no interior dos acontecimentos.

Em tudo a mentira chega primeiro, arrastando os tolos e a boa fé. Os tolos e a boa fé estão arrastados atrás de si. A verdade está sempre atrasada, é sempre a última a chegar. A verdade arrasta-se sempre atrás do tempo.

A verdade não é uma coisa engraçada, porque se fosse uma coisa engraçada todo mundo diria só a verdade.
Baltasar Gracián

terça-feira, agosto 11, 2015

Ai tempo
Nem é bom pensar nessas coisas mortas, muito mortas.
Os séculos cheiram a mofo
E a história é cheia de teias de aranha.
O presente vem de mansinho
De repente dá um salto:
É um cartaz de um filme americano
Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, agosto 10, 2015

“Ah!”, disse o rato, “o mundo fica cada dia a dia mais estreito. Primeiro, ele era tão amplo que eu tinha medo . Eu corria sempre pra frente.Eu ficava às vezes feliz por ver finalmente ao longe muros. Muros a direita, à esquerda, mas estes longos muros rumam tão depressa um em direção ao outro que já estou na última sala, e lá no canto está a ratoeira para a qual eu corro”.

“Bem, mas você só precisa mudar de direção”, disse o gato e devorou-o.
Franz Kafka

domingo, agosto 09, 2015

 Meu velho
Esses seus cabelos brancos, bonitos
Esse olhar cansado, profundo
Me dizendo coisas, um grito
Me ensinando tanto, do mundo...
E esses passos lentos, de agora
Caminhando sempre comigo
Já correram tanto na vida
Meu querido, meu velho, meu amigo

Sua vida cheia de histórias
E essas rugas marcadas pelo tempo
Lembranças de antigas vitórias 
Ou lágrimas choradas ao vento
Sua voz macia me acalma 
E me diz muito mais do que eu digo
Me calando fundo na alma
Meu querido, meu velho, meu amigo

Seu passado vive presente
Nas experiências contidas
Nesse coração consciente
Da beleza das coisas da vida
Seu sorriso franco me anima 
Seu conselho certo me ensina
Beijo suas mãos e lhe digo
Meu querido, meu velho, meu amigo

Eu já lhe falei de tudo,
Mas tudo isso é pouco
Diante do que sinto...
Olhando seus cabelos tão bonitos,
Beijo suas mãos e digo
Meu querido, meu velho, meu amigo
Quem disse que por de trás daquela barba que nos arranha o rosto não tem um coração moleque querendo brincar? 
Quem disse que por detrás daquela voz grossa não tem um menino criativo querendo falar? Quem foi que falou que aquelas mãos grandes não sabem fazer carinho se o filho chorar? Quem foi que pensou que aqueles pés enormes não deslizam suaves na calada da noite para o sono do filho velar? 
Quem é que achou que no fundo do peito largo e viril não tem um coração de pudim quando o filho amado, com um sorriso largo, se põe a chamar? 
Quem foi que determinou que aquele coroa de cabelos brancos não sabe da vida para querer me ensinar? 
Pai, você me escolheu filho, eu te fiz exemplo!

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