sábado, fevereiro 14, 2015

O carnaval me faz lembrar de uma fábula...a "alegria" com hora marcada.

Fábula dos macacos
"Uma vez, num vilarejo, apareceu um homem anunciando aos aldeões que compraria macacos por 10 moedas cada. Os aldeões foram à floresta caçar macacos.
O homem comprou centenas de macacos a 10 moedas e então os aldeões diminuíram seu esforço na caça. Aí, o homem anunciou que agora pagaria 20 moedas por cada macaco.
Os aldeões renovaram seus esforços e foram novamente à caça.

Os macacos foram escasseando cada vez mais e os aldeões foram desistindo da busca. A oferta aumentou para 25 moedas e a quantidade de macacos ficou tão pequena que já não havia mais interesse na caça. O homem então anunciou que agora compraria cada macaco por 50 moedas!

Entretanto, como iria à cidade grande, deixaria seu assistente cuidando das compras. Na ausência do homem, seu assistente disse aos aldeões: "olhem na jaula todos estes macacos que o homem comprou. Posso vender cada um a vocês por 35 moedas e, quando o homem retornar da cidade, vocês os revendam a ele por 50 moedas cada."... Os aldeões, espertos, pegaram todas as suas economias e compraram todos os macacos do assistente.

Eles nunca mais viram o homem ou seu assistente, somente macacos por todos os lados

sexta-feira, fevereiro 13, 2015

Mas eu não sabia, eu não sabia. Não se pode saber tudo. 
Mesmo o que creio saber, tem horas, que não creio.
Sou humano, e você mente, quer ganhar novos corações e esquece de
curar os que já tem...

quinta-feira, fevereiro 12, 2015

Eu nunca sei quando as histórias acabam. Por isso sempre fico preso entre uma e outra, ou entre nenhuma e nenhuma outra; entre um recomeço sem fim e um fim sem término.
Talvez por ser mais espectador ou coadjuvante, do que protagonista da minha vida, tenha essa enfermidade de não dar conta de quando baixa o pano. As luzes apagam, o público sai, os colegas limpam a maquiagem e eu continuo lá: com a fala na cabeça, o texto decorado, aguardando a deixa. A deixa que nunca vem.
Sempre tive medo das coisas e das pessoas. Um pavor e uma falta de fé.Ttalvez por isso eu tenha criado minha própria companhia teatral, onde sou diretor; contra-regra; atores e público. Enceno só para mim uma tragicomédia.
A realidade me faz tão mal e me deixa tão fraco que fico, no fundo do palco, muitas vezes, a sussurrar o texto a mim mesmo. Às vezes não ouço. Quase sempre não ouço, porque sussurro baixo e minha voz é trêmula… O público não entende a peça, logo, não aplaude.
Eu, furioso, demito a todos: ao autor; ao diretor; aos atores… expulso o público do teatro e ateio fogo a tudo. E ali dentro fico eu, junto às cortinas e aos holofotes, incandescentes; queimando, queimando, queimando…

quarta-feira, fevereiro 11, 2015

É só a duvida que nos une e nos aproxima. É só disso que precisamos. Não acredito que haja nada verdadeiro. Tenho muito medo da verdade. Tive um professor de filosofia, o padre Henrique Vaz, a quem perguntei “o que é a fé?”. Ele me respondeu que a fé é a duvida, porque somente ela nos é possível. Quando uma pessoa encontra a verdade, a única coisa que ela adquire é a impossibilidade de ouvir o outro. Ela só fala, não ouve mais. Quem encontra a verdade, só fala!
 Bartolomeu Campos de Queirós

terça-feira, fevereiro 10, 2015

Como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia.
Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso. Respondi que, como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, podia imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.


Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia é para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Os ricos do mundo, no direito de queimar esse imenso patrimônio da humanidade.



Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país.



Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.



Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar que esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, possa ser manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.

Nesse momento, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deveria ser internacionalizada.
Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.


Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola.



Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver.



Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa.

 Cristóvão Buarque

segunda-feira, fevereiro 09, 2015

Shakespeare não é apenas a figura central do cânone ocidental - ao lado de Cervantes e de Dante Alighieri. Ele criou a noção que temos do que é humano. Sua obra torna acessível a qualquer um a sabedoria que só um filósofo pode possuir, mas que o cidadão comum não pode alcançar por meios convencionais. É uma filosofia imediata, que se dá nos dramas, na mistura de tragédia e comédia, nas passagens em que Hamlet toca no problema da metafísica e Lear conclui que o mundo é irrecuperável. Hamlet é o personagem mais sábio de toda a literatura. Shakespeare escreve tudo da forma mais natural. E não basta uma vida para abarcar tudo o que o bardo ensina. Ele é o supremo artífice da sabedoria. Sempre descubro uma nova lição em poemas e aforismos embutidos em seu teatro. Só Shakespeare salva.
Harold Bloom

domingo, fevereiro 08, 2015

Quando estou entre pessoas e sinto que vou morrer me desculpo
dizendo “Preciso ir!”
“Ir aonde?” querem saber
Eu não respondo
apenas caio fora
para longe deles
porque de alguma maneira
sentem que há algo errado
e nunca sabem o que fazer
e lhes assusta essa coisa repentina
Como é maçante sentar
com as pessoas perguntando:
“Você está bem?”
“Precisa de algo?”
“Quer deitar?”
Vós gente! gente!
quem quer morrer no meio de gente?!
Especialmente quando não podem fazer coisa nenhuma
Para o cinema – para o cinema
é para onde corro
quando sinto que vou morrer
Até agora funcionou,
Eu não morri!