sábado, novembro 22, 2014

Sobre os especialistas:
Uma das maiores descobertas do século XX, foi a da agressiva estupidez com que se comporta o homem quando sabe muito de alguma coisa. Sabe muito alguma coisa, que iguala todas as demais, ou seja: a especialização é imoral.
Ortega y Gasset

sexta-feira, novembro 21, 2014

Há uma quase histeria de partidos e candidatos em busca dos marqueteiros. Profissionais da política, já tentados e testados em outros pleitos, donos absolutos de um eleitorado cativo, mas insuficiente, se esbofam em melhorar o que chamam de "imagem".
Para conseguir essa melhoria, escondem o que têm de mais legítimo, de mais natural, e adotam a maquiagem preparada pelo  marketing.
Deixam de ser o que são e passam a ser o que os técnicos do mercado acham que deve ser. Isso inclui desde o corte do cabelo até o corte em alguns pontos essenciais do programa de cada um. Não se fala em moratória, em FMI, em concentração de renda. O discurso tem de ser politicamente correto, "light", sem ameaças ao capital e sem ameaças a ninguém, o que significa, na realidade, uma ameaça concreta para a grande maioria dos cidadãos.
Fica assim a vida política nacional igualada às telenovelas e dos programas de auditório, quem determina o que vai para o ar é o índice de audiência. O próximo presidente da República terá de ser o produto final da expectativa de um público e não de um povo.
Já tivemos laboratórios desse novo tipo de eleição. Collor se vestia melhor. Lula tinha a barba mal cuidada. Fernando Henrique Cardoso era poliglota; Lula, monoglota. O professor contra o ex-operário.
A Chapeuzinho Vermelho e o Lobo, todos de Minas Gerais.
Dentro do que os marqueteiros chamam de cenário, irá para o trono aquele que for melhor produzido, e não aquele que saiba produzir. É o nosso país, Brasil.

Carlos Heitor Cony - Adaptado

quinta-feira, novembro 20, 2014

O dia 20 de novembro, data em que se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra.

Quando
Quando morto estiver meu corpo, evitem os inúteis disfarces, os disfarces com que os vivos procuram apagar no morto o grande castigo da morte.
Não quero caixão de verniz nem ramalhetes distintos, superfinos candelabros e nem as discretas decorações. 
Quero a morte com mau gosto!
Deem-me coroas de pano, flores de roxo pano, angustiosas flores de pano, enormes coroas maciças como salva-vidas, com fitas negras pendentes.
E descubram bem a minha cara.
Que vejam bem os amigos a incerteza, o pavor, o pasmo. E cada um leve bem nítida a ideia da própria morte.
Descubram bem minhas mãos!
Meus amigos, olhem as mãos! 
Onde andaram, o que fizeram, em que sexos demoraram seus dedos sabidos?
Meus amigos, olhem as mãos que mentiram a vossas mãos!
Foram esboçados nelas todos os gestos malditos: até os furtos fracassados e os interrompidos assassinatos. Mãos que fugiram da suprema purificação dos possíveis suicídios.
Descubram e exibam todo meu corpo, as partes excomungadas, as partes sujas sem perdão.
Eu quero a morte nua e crua, terrífica e habitual.
Quero ser um tal defunto, um morto tão acabado, tão aflitivo e pungente, que possam ver, os meus amigos, que morre-se do mesmo jeito como se vão os penetras escorraçados, as prostitutas recusadas, os amantes despedidos, que saem enxotados mas voltariam sem brio a qualquer gesto de chamada.
Meus amigos, tenham pena – senão do morto – aos menos dos dois sapatos do morto. Olhem bem para eles. E para os vossos também!

quarta-feira, novembro 19, 2014

O louva-a-deus era um comilão dos diabos. Um dia, ao deglutir uma folha, deu de cara com Como a maioria dos insetos, só
Pensava em comer e em copular. Passava o dia mastigando tudo o que Fosse comível, mas quanto a copular, A questão era mais delicada. Sabia que a primeira vez que Copulasse seria também sua última. Qualquer das fêmeas que por ali Rondavam iria devorá-lo após o ato Sexual. Por isso, ao louva-a-deus só restava
A masturbação e comer o mais que Pudesse, antes que fosse comido.Uma lindíssima fêmea que o encantou. Corpo esguio, pernas compridas e Bem torneadas, asas brilhantes e um Olhar de desfalecer! Não se importava nada de ser comido Por uma fêmea daquelas!... Primeiro, O louva-a-deus a copulou nervosa e Desvairadamente. Depois, olhou bem no rosto dela e Percebeu o sorriso de monalisa que Já lhe percorria os lábios.
 Fernando Aguiar

terça-feira, novembro 18, 2014

E se um dia um palhaço se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse:
"Esta vida, assim como a vives e sempre viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes, não haverá nela nada de novo!
Cada dor, cada pensamento, tudo que há de pequeno em tua vida há de retornar. Tudo, na mesma ordem e sequência. E, do mesmo modo, esse instante e eu próprio: o demônio. O eterno relógio da existência reiniciará outra vez a contagem do seu tempo, e do tempo das tuas desgraças.
Não te lançarias ao chão rangendo os dentes e amaldiçoando o palhaço?
Não, não. Responderias medrosamente que nunca te disseram algo mais divino. Diga, nunca te disseram algo mais divino?
Mentirias que queres para sempre a tua própria desgraça? Vê bem, se disseres que sim, estarás apenas piorando a eternidade.
 Friedrich Nietzsche

segunda-feira, novembro 17, 2014

Quem é o surdo?
Há duzentos e cinquenta anos, Chamfort dizia que a sociedade considerava os surdos infelizes por não poderem ouvir o que as pessoas diziam!... Como se pode ver hoje, algumas coisas mudaram: são os surdos que consideram as pessoas infelizes por dizerem o que dizem!.

domingo, novembro 16, 2014

Eu, eu e somente eu, não concordo com nenhuma palavra do que dizeis, mas eu defenderei até a morte o seu direito de dizê-la.
Voltaire