Há uma quase histeria de partidos e candidatos em busca dos marqueteiros. Profissionais da política, já tentados e testados em outros pleitos, donos absolutos de um eleitorado cativo, mas insuficiente, se esbofam em melhorar o que chamam de "imagem".
Para conseguir essa melhoria, escondem o que têm de mais legítimo, de mais natural, e adotam a maquiagem preparada pelo marketing.
Deixam de ser o que são e passam a ser o que os técnicos do mercado acham que deve ser. Isso inclui desde o corte do cabelo até o corte em alguns pontos essenciais do programa de cada um. Não se fala em moratória, em FMI, em concentração de renda. O discurso tem de ser politicamente correto, "light", sem ameaças ao capital e sem ameaças a ninguém, o que significa, na realidade, uma ameaça concreta para a grande maioria dos cidadãos.
Fica assim a vida política nacional igualada às telenovelas e dos programas de auditório, quem determina o que vai para o ar é o índice de audiência. O próximo presidente da República terá de ser o produto final da expectativa de um público e não de um povo.
Já tivemos laboratórios desse novo tipo de eleição. Collor se vestia melhor. Lula tinha a barba mal cuidada. Fernando Henrique Cardoso era poliglota; Lula, monoglota. O professor contra o ex-operário.
A Chapeuzinho Vermelho e o Lobo, todos de Minas Gerais.
Dentro do que os marqueteiros chamam de cenário, irá para o trono aquele que for melhor produzido, e não aquele que saiba produzir. É o nosso país, Brasil.
Carlos Heitor Cony - Adaptado