Devagar, o tempo transforma tudo em tempo
O ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo
Os assuntos que julgamos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo
Mas por si só, o tempo não é nada
A idade de nada é nada
A eternidade não existe
José Luís Peixoto
sábado, março 14, 2015
sexta-feira, março 13, 2015
quinta-feira, março 12, 2015
Entre o autor e o público, posta-se o intermediário.
E o gosto do intermediário é bastante intermédio, medíocre.
Medianeiros médios pululam nos meios, onde, galopando, teu pensamento chega.
Um deles considera tudo sonolento:
"sou homem de outra têmpera! perdão", e repete um só refrão:
"O público não compreenderá".
Camponês, só viu um faz tempo, antes da guerra.
Operários, deu com dois, uma vez, numa ponte, vendo subir a água da enchente.
Mas diz que os conhece como a palma da mão. Que sabe tudo o que querem!
Aqui vai meu aparte: chega de chuchotar bobagens para os pobres. Também eles, podem compreender a arte. Logo, que se eleve a cultura do povo!
Uma só, para todos.
E o gosto do intermediário é bastante intermédio, medíocre.
Medianeiros médios pululam nos meios, onde, galopando, teu pensamento chega.
Um deles considera tudo sonolento:
"sou homem de outra têmpera! perdão", e repete um só refrão:
"O público não compreenderá".
Camponês, só viu um faz tempo, antes da guerra.
Operários, deu com dois, uma vez, numa ponte, vendo subir a água da enchente.
Mas diz que os conhece como a palma da mão. Que sabe tudo o que querem!
Aqui vai meu aparte: chega de chuchotar bobagens para os pobres. Também eles, podem compreender a arte. Logo, que se eleve a cultura do povo!
Uma só, para todos.
Maiakovski
quarta-feira, março 11, 2015
Nada é impossível mudar
Desconfiai do mais trivial,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar.
Desconfiai do mais trivial,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar.
Bertolt Brecht
terça-feira, março 10, 2015
Meus amigos, por aqui também passou a guerra. Digo “também” porque a sentença pode ser apliacada a quase todos os lugares do planeta.
Ao lado do sexo e dos sonhos, o homem matar o homem é um dos hábitos mais antigos de nossa singular espécie.
Aqui, na América do Sul, sentimos nas muralhas e nas casas, de maneira inequívoca, a presença desse passado.
Não importam, como continuarão a não importar, as datas e os nomes próprios.
Todos seremos parte do esquecimento, a tênue substância de que é feito o universo.
Ao lado do sexo e dos sonhos, o homem matar o homem é um dos hábitos mais antigos de nossa singular espécie.
Aqui, na América do Sul, sentimos nas muralhas e nas casas, de maneira inequívoca, a presença desse passado.
Não importam, como continuarão a não importar, as datas e os nomes próprios.
Todos seremos parte do esquecimento, a tênue substância de que é feito o universo.
Jorge Luis Borges
segunda-feira, março 09, 2015
Cego de nascença, aprendeu a ler no escuro. Desde pequeno, os livros lhe eram abertos, os toques lhe fundavam janelas, os sons lhe eram caminhos de pedra.
Um dia, achou um doador de córnea e pensou que os recursos adquiridos poderiam lhe render a visão total.
Não aceitou ser operado por conta do governo, nem enxergar no claro. Ficou com medo de se olhar no espelho das pessoas e ter medo da escuridão que havia nelas.
Um dia, achou um doador de córnea e pensou que os recursos adquiridos poderiam lhe render a visão total.
Não aceitou ser operado por conta do governo, nem enxergar no claro. Ficou com medo de se olhar no espelho das pessoas e ter medo da escuridão que havia nelas.
Silas Corrêa Leite
domingo, março 08, 2015
Não me agradam esses homens bem fracionados no tempo, cedendo-se amavelmente em todas as ocasiões.
E mais também não me agradam os partidários tão vários de toda a moderação.
Passo distante dessa gente comedida e moderada, que guarda o vinho 20 anos para bebê-lo mais velho, homens de ferro que só sabem anunciar a mensagem da espera, que aguardam o momento oportuno, que, sempre expelindo relógios, resistem à melhor viagem, que desconhecem as emoções, que sabem apenas sofrer sincronizados as tristezas publicadas nos jornais.
Adeus, moderados.
Adeus, que sou diferente: compreendo a mulher que rasga as vestes e sinto imensa ternura pelo homem desesperado.
E mais também não me agradam os partidários tão vários de toda a moderação.
Passo distante dessa gente comedida e moderada, que guarda o vinho 20 anos para bebê-lo mais velho, homens de ferro que só sabem anunciar a mensagem da espera, que aguardam o momento oportuno, que, sempre expelindo relógios, resistem à melhor viagem, que desconhecem as emoções, que sabem apenas sofrer sincronizados as tristezas publicadas nos jornais.
Adeus, moderados.
Adeus, que sou diferente: compreendo a mulher que rasga as vestes e sinto imensa ternura pelo homem desesperado.
Lupe Cotrin
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