sábado, novembro 28, 2015

Fizeste bem em partir, Arthur Rimbaud! Teus dezoito anos refratários à amizade, à maledicência, à tolice dos poetas de Paris, bem fizeste em dispersá-lo pelo vento do largo, de lançá-los ao gume da sua precoce guilhotina. Tiveste razão em abandonar o boulevard dos preguiçosos, o bom dia dos simples. Este pulso absurdo do corpo e da alma, esta bala de canhao que atinge o alvo e o explode. Sim, está é a vida de um homem.
René Char

sexta-feira, novembro 27, 2015

Eu sou como um circo de lonas estragadas
Onde o palhaço já não faz mais rir
Onde o trapézio há muito está parado
porque o medo foi morar ali.
Eu sou como um circo de lonas estragadas
Em que a banda já não quer tocar
Onde as jaulas se restaram abertas
porque nem bicho se deixou ficar.
Eu sou como um circo de lonas estragadas
Sem ter mais público para aplaudir
Temendo aqueles que atiram facas
Temendo tudo que lhe quer ferir.
Eu sou como um circo de lonas estragadas
Sem alegria qualquer, sem emoção.
No entanto, existe aquela corda bamba
Onde balança o meu coração. 
Mabel Veloso

quinta-feira, novembro 26, 2015

O mundo é um pensamento encadeado. Quando algo se consolida, os pensamentos libertam-se. Quando algo se desfaz, os pensamentos encadeiam-se.

Novalis

quarta-feira, novembro 25, 2015

Vivendo a mais de16 anos na Educação estava eu vendo as noticias sobre como anda as escolas no Brasil, lembrei de Hannah Arendt 

Todo aquele que se isolar da convivência política com as pessoas – por maior que seja sua força e por mais válidas que sejam suas razões - estará renunciando ao poder. Ou seja, estará se tornando impotente. Hannah Arendt.

Pergunto sem ter medo de ouvir a resposta, Onde esta a Liberdade?

terça-feira, novembro 24, 2015

Às vezes me perguntam como eu, escritor e roteirista, reajo ao poder das novas tecnologias que transformaram o mundo da palavra escrita. Eu me divirto inventando uma história que em meados do século XIX alguém pergunta a Gustave Flaubert, grande escritor, se a substituição das canetas com pena de ganso, pelas canetas com pena de metal mudou a literatura francesa. E faço Flaubert responder: acho que não, mas mudou a vida dos gansos

Jean-Claude Carrière

segunda-feira, novembro 23, 2015

Semelhanças? Mera coincidência.
Nós estamos perdidos há muito tempo...
O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.
Os carácteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos, ninguém!
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Por toda parte dizem: “o país está perdido!”
Algum opositor do atual governo?... Não!
José Maria de Eça de Queirós (escrito em Portugal 1871)

domingo, novembro 22, 2015

Eu possuo mais o mundo em minha cabeça quando sou capaz de vê-lo em miniatura, pois só assim seus valores se condensam e enriquecem. Não basta uma dialética platônica do grande e do pequeno para conhecer as virtudes dinâmicas da miniatura.
É preciso ultrapassar a lógica para viver o que há de grande no pequeno.
Gaston Bachelard