Dostoiévski
Como explicar que o homem, um animal tão predominantemente construtivo,seja tão apaixonadamente propenso à destruição?
Talvez porque seja uma criatura volúvel,de reputação duvidosa, ou talvez porque seu único propósito na vida seja perseguir um objetivo, algo que, afinal ao ser atingido,não é mais vida, mas o princípio da morte.
quarta-feira, dezembro 29, 2010
A esquina estava lotada...
Tarcísio Regueira
A ESQUINA ESTAVA LOTADA.
ERA VÉSPERA DE NATAL.
UMA MULHER MALTRAPILHA PEDIA COM A MÃO ESTENDIDA.
SEU NOME ERA MARIA. JUNTO, UM HOMEM DORMIA ALHEIO AO BARULHO IMPIEDOSO DO MUNDO.
SEU NOME ERA JOSÉ. OUVE-SE UM GRITO: LADRÃO! UMA CRIANÇA CORRE COM UM RELÓGIO NA MÃO.
DE REPENTE, UM FREIO.
UM MENINO MORTO. SEU NOME ERA JESUS.
A MULHER OLHAVA PARA AQUELA TRISTE MANJEDOURA.
NÃO HAVIA VACAS, SÓ RATOS.
NÃO HAVIA ESTRELAS, SÓ A LUZ GIRATÓRIA DA POLÍCIA.
NÃO HAVIA REIS.
SÓ HOMENS COM PRESSA, ALHEIOS A TUDO.
É NATAL.....
A ESQUINA ESTAVA LOTADA.
ERA VÉSPERA DE NATAL.
UMA MULHER MALTRAPILHA PEDIA COM A MÃO ESTENDIDA.
SEU NOME ERA MARIA. JUNTO, UM HOMEM DORMIA ALHEIO AO BARULHO IMPIEDOSO DO MUNDO.
SEU NOME ERA JOSÉ. OUVE-SE UM GRITO: LADRÃO! UMA CRIANÇA CORRE COM UM RELÓGIO NA MÃO.
DE REPENTE, UM FREIO.
UM MENINO MORTO. SEU NOME ERA JESUS.
A MULHER OLHAVA PARA AQUELA TRISTE MANJEDOURA.
NÃO HAVIA VACAS, SÓ RATOS.
NÃO HAVIA ESTRELAS, SÓ A LUZ GIRATÓRIA DA POLÍCIA.
NÃO HAVIA REIS.
SÓ HOMENS COM PRESSA, ALHEIOS A TUDO.
É NATAL.....
segunda-feira, dezembro 27, 2010
Esperança - Cruzeiro Seixas
Todo o meu esforço canalizo para a vida.
Não para o equilíbrio, não para as certezas. Caminho suportando nas costas todo o peso da desesperança, pois que a esperança, é ridículo, dramático, que a humanidade ainda precise de tê-la.
Esperança em quê? Em remédios que curem?... Em poemas que se dão de mão em mão?
E as cartas sem resposta?
E os becos sem saída?
E a nova hipocrisia?
E o deus-dinheiro que nos espreita a cada esquina?... e a África?
E a América Latina?...
E todas essas universidades e tantos analfabetos?...
Toda gente sabe a extensão da verdade: surpreendendo a paisagem esfomeada, o gatilho já não precisa do dedo de ninguém.
A Alma Humana - Fernando Pessoa
A alma humana é um manicômio de caricaturas.
Se uma alma pudesse revelar-se com verdade
E nem houvesse um pudor mais profundo que todas as vergonhas conhecidas, definidas
Seria, como dizem, da verdade o poço.
Mas um poço sinistro, cheio de ecos vagos, habitado por vidas ignóbeis, viscosidades sem vida, lesmas sem ser.
Ranho da subjetividade.
Eis a alma.
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