A criança come o barro pensando comer o ovo. Diz a gente grande: é verme. Não, é fome. A cena se repete, e ela pode comer o descampado inteiro. Uma besta rosnando quieta, babando como cão raivoso.Andemos por esse pátio ausente de morangos. Dividamos nossas fomes, bebamos nossos próprios sangues. A cidade é de Deus, aqui nunca é outono. Nem Bob Esponja faz rir o lábio do menino que descasca. Frieza no sol a pino de quarenta graus. Amamentemos de fúria a ética inventada pelo homem. Pois “cuspe” é a palavra inventada para engolir a seco a mosca que nos tornamos nós!
Araripe Coutinho
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