Esta estrada onde eu moro, entre duas voltas do caminho, Interessa mais que uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem. Todo mundo é igual. Todo mundo é toda a gente.
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é única. Até os cães.
Estes cães da roça até parecem homens de negócios: Andam sempre preocupados.
E quanta gente vem e vai!
E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar: Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho manhoso.
Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos, Que a vida passa! Que a vida, a vida passa!
E que a mocidade vai acabar.
Manuel Bandeira
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