sexta-feira, setembro 26, 2014

A lua ignora que é tranquila e clara e não pode sequer saber que é lua;
A areia, que é a areia. Não há uma coisa que saiba que sua forma é rara.
As peças de marfim são tão alheias, ao abstracto xadrez como essa mão
Que as rege. Talvez o destino humano, breve alegria e longas odisseias,
Seja instrumento de Outro. Ignoramos;
Dar-lhe o nome de Deus não nos conforta.
Em vão também o medo, a angústia, a absorta
E truncada oração que iniciamos.
Que arco terá então lançado a seta, que eu sou? Que cume pode ser a meta? 
 Jorge Luis Borges

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