Sou
Sou a reta e sou a curva, a mão
esquerda e a direita, o verão na praia do pina
e a chuva que adoça o caju.
Sou a revolução que não houve,
as duvidas da certeza e a alegria das duvidas.
Sou o pai e sou o filho, o
vento que anuncia tempestades, o raio que corta o céu ao meio
do meio da tarde.
Sou martelo agalopado.
Entidade de corpo fechado, soneto
na nova medida
E a bandeira de São João.
Sou elefante e pitombeiras, sou
o galo da madrugada,
Sou o barulho da feira.
E o som da procissão.
Sou o amarelo do ouro e o azul
do mar,
Sou calmaria sem vento, sou
selva de pedra e cimento,
Relva plantada no chão.
Sou o tudo e sou o nada,
O silêncio e a batucada;
Sou o sul e sou o norte,
Faca cega e navalha de corte.
Eu sou o fogo da vida. E sou o sopro da morte!
Adaptação livre
Clóvis Campêlo
25 anos sem Raul Seixas
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