quinta-feira, janeiro 25, 2018

O VENTO NESSA CIDADE

O vento nessa cidade 
vem sempre na mão contrária.

Fumaça, papéis e poeira 
pegam carona, sem rumo

(pessoas também, se bem que elas 
não se diferenciam muito

de papéis, poeira ou fumaça). O 
preto, que à mão só tem dedos,

grava na sarjeta o mapa 
de seu tesouro escondido,

já são vistos traços brancos, 
mas vamos de olhos cerrados,

pois nessa cidade o vento 
não aceita ser contestado.

Paulo Ferraz 

Nenhum comentário: