quarta-feira, janeiro 25, 2017

ÀS MINHAS COSTAS

As portas do metrô mastigam 
o ar condicionado.

Estou em trânsito, com os demais. 
Percorremos a rede incorpórea 
que há de permanecer.

Não se ultrapassa a linha amarela. 
Nada cheira. E a escada rolante 
- áspera via - até se alegoriza

ao conduzir-nos de volta ao simulacro 
passageiro das avenidas.

Na saída, ponho os óculos escuros.

Sérgio Alcides 
(O ar das cidades: poemas (1996-2000). São Paulo: Nankin, 2000. p.33)

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