O barro é a palavra
que te devolve a
inocência perdida
o teu passaporte para
a criatura.
O teu modo de dizer o
que as pessoas
não te disseram
nunca.
O barro é a matéria
do teu canto
o ouro de tua botija
o amálgama de tua
cárie
o salário do teu
anonimato
teu sortilégio e tua
perdição.
O barro é teu sangue
coagulado que teima em protestar
o teu mistério se
consumindo
o teu sapato
estraçalhado na diáspora
o teu chapéu de luto
a tua solidão de
olhos fitos na vida.
FRANCISCO CARVALHO
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