domingo, janeiro 24, 2016

 TALVEZ QUEM SABE ...
Talvez, quem sabe um dia, por uma alameda do zoológico, ela também chegará. Ela, que também amava os animais, Entrará sorridente assim como está na foto sobre a mesa. Ela é tão bonita, ela é tão bonita que, na certa, eles a ressuscitarão. O século trinta vencerá o coração destroçado já pelas mesquinharias. Agora vamos alcançar tudo o que não podemos amar na vida com o estrelar das noites inumeráveis. Ressuscita-me, ainda que mais não seja por que sou poeta e ansiava o futuro. Ressuscita-me lutando contra as misérias do cotidiano. Ressuscita-me, por isso ressuscita-me. Quero acabar de viver o que me cabe, minha vida, para que não mais existam amores servis. Ressuscita-me para que ninguém mais tenha De sacrificar-se por uma casa, um buraco. Ressuscita-me para que a partir de hoje, a partir de hoje, a família se transforme e o pai seja pelo menos o universo e a mãe seja no mínimo a terra, a terra, a terra.

Maiakovski

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