Provisoriamente não cantaremos o amor,
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços...
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, e medo das mães, e medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nosso túmulos nascerão flores
amarelas e medrosas.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços...
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, e medo das mães, e medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nosso túmulos nascerão flores
amarelas e medrosas.
Carlos Drummond de Andrade
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