O Brasil ainda tem sorte de ser povo talvez, porque povo é uma palavra com eco. Todo mundo usa essa palavra, mas ninguém sabe direito. Mas eu posso dizer a vocês que a passageira do meu lado, viúva, 60 anos, tem dois gatos de que gosta e dois netos de que não. Os gatos ela comanda, os netos é uma batalha. Sobre este mundo e o outro sabe tudo, ela vê televisão. O país não tem remédio, ninguém tem mais trabalho, os que tem não querem trabalhar, os políticos só roubam, nem vale a pena falar. Aproveita e volta ao sério: sério para ela são as telenovelas, então ela fala sem parar. Ela fala de Big Brother, ela fala da Fazenda, ela fala do Raul Gil, ela fala do povo brasileiro. A passageira do lado é o passageiro em geral, o povo. O louvado povo por discursos e jornal. Há que começar do ovo, porque alguma coisa andou mal.
Então é Natal.
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