Pouco a pouco o silêncio me fez um Robinson assustadiço, sem roupa, mas sem fome, sem sede porque pelos poros a luz mineral nutria e umedecia, mas pouco a pouco o planeta se despencava de minha língua, e errei sem idioma, escuro pelas areias do silêncio. Oh, solidão espacial do silêncio! Se desfaz o ruído do coração, quando sobressaltado ouviu o silêncio debaixo de outro silêncio maior, eu fui emagrecendo até ser somente silêncio naquele bairro do céu onde eu caí e fui enterrado por um alvo silencioso, por um grande rio de esmeraldas que não sabiam cantar.
Pablo Neruda
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