|A última sessão do parlamento a ordem do dia era aprovar os agradecimentos a apresentar aos juízes que decidiram proibir a publicação de relatórios policiais pela imprensa.
O presidente da casa levantou um brinde ao rei.
Um ladrão propôs um brinde à prosperidade do comércio; outro brindou os juízes.
Em seguida, o orador fez uma análise dos progressos na arte de roubar, desde a origem até nossos dias. Esse hábito, disse ele, data da antiguidade. Os honestos, bem como os ladrões, mas sobretudo os ladrões, não devem criticar as leis que protegem a propriedade. Elas são o nosso maior apoio. Dão ao público uma falsa sensação de segurança e nos proporcionam os meios de atuar em nossa profissão: o roubo.
Nosso único capital é a astúcia, e quem não a tiver deverá ser punido. Hoje, segundo os textos das leis, dispomos de mil maneiras de escapar. Bendito seja o legislador que declarou que antes de nos castigar, era necessário que se provasse o delito. Presenteou-nos com uma verdadeira guarda de honra!
Honoré de Balzac
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