quarta-feira, janeiro 28, 2015

Não entendo, não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Eu Sinto que eu sou muito mais completo quando eu não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples estado de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doido. É um desinteresse manso, uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: eu quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
 Clarice Lispector

Um comentário:

E. y Finanz Abogados disse...

A obra de Clarisse é maravilhosa. Sensibilidade pura. Muito bom gosto, Ideilson.