quinta-feira, julho 24, 2014

Ossos
Do fundo do sepulcro os ossos falam. O verbo é a imagem das suas tibiezas: e os ossos falam mais da vida que da morte: eis os ossos de reis e de rainhas, de donos da terra e de escravos. Os ossos dos primeiros e dos últimos são ossos iguais a ossos. A eloquência dos ossos, silenciosa, traz mais verdades que provérbios        e salmos. Eles falam, e nos contam segredos em parábolas: “quando ossos          fecundam outros ossos, quando ossos enterram outros ossos e não vêem o seu sangue em outros ossos. Quando ossos comem carne e deixam ossos a outros ossos, quando ossos matam ossos, é tempo de cegar a carne, e ouvir o silêncio dos vossos próprios ossos”.
Daniel Mazza

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