Foi um sêmen plantado com meu nome nos antigos rincões da mata virgem. A raiz, de tão dura, ninguém come, porque nela plantei a minha origem. Ensinar o caminho eu não sei. Das mil vezes que lá passei, nunca pude guardar o seu desenho. Como posso saber de onde venho, se a semente profunda não toquei?
Como posso saber a minha idade se meu tempo passado não conheço?
Se a lembrança não tem capacidade, como posso me ver desde o começo?
Se não olho pra trás com claridade, que futuro obscuro aguardarei?
Como posso saber de onde venho se a semente profunda não toquei?
Tantos povos se cruzam nessa terra, que a roleta dos genes nunca erra: o mais puro padrão é o mestiço. Como posso pensar ser brasileiro, enxergar minha própria diferença, se olhando ao redor vejo a imensa semelhança que liga o mundo inteiro? Como posso saber quem vem primeiro, se o começo eu jamais alcançarei?
Como posso saber de onde venho se a semente profunda não toquei?
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